(C.Ⓐ-SP)Convergência Anarquista-Terrorismo Poético

terça-feira, 12 de abril de 2011

Anarco Individualismo e Transhumanismo Social

A vida é apenas uma e a racionalidade é um bom approach a ela, esse é o princípio regente, ou fundamento, da visão política de mundo que pretendo aqui descrever.
É adotada também a trivialidade de que a palavra “felicidade” foi adotada pela comunidade para denotar algo que é bom, e vem sendo usada dessa forma desde então.
Uma das grandes características marcantes das posições políticas dos indivíduos é seu caráter expansionista, a grande maioria das pessoas em atividade política se interessa por expandir o número de pessoas que tem a mesma opinião que elas, uma posição política que não pelo menos flerte com esse viés bolchevique estará fadada ao fracasso, por razões de seleção memética devidamente discutidas por Jared Diamond em Armas Germes e Aço. Começo minha exposição então declarando abertamente a derrota da posição política que pratico no longo prazo.
A racionalidade nos permite ver que o outro é diferente de nós, ela nos desvia do ideal cristão da única maneira correta de se viver, e portanto ela não nos permite cegar à possibilidade de que aquilo que nos é bom talvez não o seja ao outro; a razão e a fibra política caminham em direções opostas, o que explica a lentidão do desenvolvimento político do mundo, em contraposição, por exemplo, ao desenvolvimento artístico, ou científico. O anarco-individualista não dá importância ao processo de credibilidade por pregação, acreditando no que acredita independentemente de quantas pessoas partilham de suas crenças. Segue que a não aceitação por outra pessoa da premissa inicial, do fundamento, não oferece perigo algum ao proponente dessa posição, que ao mesmo tempo recusa-se a aceitar que há uma melhor visão política para todos e que suas idéias devem ser inculcadas no maior número possível de mentes.
Uma vez que nos afastamos dos Gulags mentais promovidos pela histeria política de massas, podemos nos afixar numa racionalidade individual, e trazer o anarco individualismo e o transhumanismo social a tona a partir de nossas premissas.
O anarquismo tradicional está ligado a uma recusa do Estado e uma percepção de que a comunidade viveria melhor num âmbito sem poder estatal. Essa visão se baseia numa miopia psicológica (não perceber que a natureza humana é contrária aos anseios humanos) aliada a uma paranóia de conspiração (o Estado nos vigia, nos pune, quer o pior de mim, e violenta minha liberdade). Nós, anarco individualistas, desejamos paz e ausência de medo, e conhecemos em parte a natureza humana, que possibilitou não só a construção de grandes maravilhas do mundo e a era da internet, como também a tortura de crianças e o estupro de inocentes, e por isso nós podemos nos afastar dessa concepção anarco-tradicional de que todo homem seja um herói cuja história não pode ser escrita devido ao punho esmagador do Grande Irmão. O anarco-individualismo apenas prega uma separação estrita entre indivíduo e estado, o argumento é simples: 1 Nenhum indivíduo tem uma participação política relevante caso não seja famoso, 2 só há uma vida que não deve ser utilizada em coisas irrelevantes, logo, 3 não se deve participar politicamente. Cada minuto dedicado a política pela política, e não pelo prazer de seus conteúdos, ou por razões que lho possam interessar, é uma antecipação da morte em um minuto.
É um prazer ao ser humano fazer o bem a si mesmo e aqueles que lho interessam, e nossa capacidade de simbolização nos permite também fazer o bem a coisas, instituições, idéias, projetos etc… e sentir imenso prazer com isso. Em realidade sabe-se que as mais felizes e longevas dentre as almas do mundo são aquelas que dedicam-se a algo que lhes parece maior do que elas. Segue que devemos procurar campos de interesse aos quais possamos nos dedicar para que aproveitemos bem a vida. Depois da virada de jogo da racionalidade e do iluminismo, tornou-se impossível a pessoas inteligentes e bem informadas na infância manter uma sólida aspiração religiosa ou transcendente, e Richard Rorty pontua que esse processo foi essencialmente um abandono da idéia de imortalidade pessoal em direção a um esforço para que as pessoas do futuro vivam uma vida melhor, e considera isso um progresso. Como pessoas do futuro em relação ao passado, temos boas razões para agradecer a essas mudanças, e mesmo que não tivéssemos, estamos circunscritos num espaço de tempo no qual é impossível atingir o grau de transcendentalismo e misticalismo que outrora povoou o imaginário humano, e portanto temos de nos ater aquilo que está no imaginário coletivo (porque isso nos dá segurança) e está acessível a nós como um projeto de vida que é mais importante do que nós. Devemos portanto encontrar algo maior do que nós e fazer. Note que não é uma premissa que devemos fazer algo maior do que nós para os outros, é uma consequência da busca por um maior aproveitamento da vida no nível individual que nos traz inexoravelmente a uma ética pública (mas não política) que pretende promover a melhoria da vida alheia. Considerando que instituições, idéias, comunidades, e memeplexos em geral são mais estáveis emocionalmente do que pessoas particulares, dedicar-se prioritariamente a entes estáveis é uma boa maneira de garantir o próprio aproveitamento da vida, em oposição a dedicar-se primordialmente a conhecidos. O outro, ou a instituição beneficiária raramente estão no passado (historiadores seriam um exemplo) e segue portanto que a maioria dos afazeres de um anarco-individualista serão dedicados ao futuro, ergo, progressismo.
Dependendo do grau de racionalidade e do tipo de empatia que uma pessoa tem, ela irá se dedicar a um tipo diferente de atividade. A maioria das pessoas precisa de constante feedback sobre seus atos para sentir-se bem, e particulamente um feedback que seja visto na hora, em pessoa. Um psicólogo clínico por exemplo dedica-se ao momento atual de uma pessoa e também a seus momentos futuros, e recebe informação atualizada de como vão seus esforços duas vezes por semana, um webdesigner por outro lado dificilmente pode ver o fruto de seus esforços diretamente (no sentido de ver os usuários se divertindo com tão bela página) e isso requer um maior grau de racionalidade ou menor grau de empatia. Racionalidade e empatia, evidente, não são antônimos, mas é o caso no mundo atual que a copiabilidade de algo está intimamente ligada a não ver todas as cópias, e a empatia depende daquilo que vemos em curta distância, ou seja os atos que privilegiam mais pessoas e são mais racionais são aqueles que possibilitam uma ativação empática menor.Esse é um problema do mundo, e não das minhas definições de racionalidade e empatia. Como fazer atos universais é uma consequência, e não uma premissa, da racionalidade e da vida curta, uma pessoa mais empática deve sacrificar o maior bem geral em prol de seu bem individual, pois sua felicidade depende de fazer bem a menos pessoas. Uma pessoa bastante racional e pouco empática por outro lado, mesmo que tenha a escolha entre um bem maior não visível a curto prazo, e um bem menor porém visível há de compreender que sua raridade faz com que ainda mais valiosos sejam seus esforços em prol de um mundo melhor. Os grandes filósofos, literatos, cientistas e arquitetos são pessoas justamente desse tipo. Sua capacidade de abstração permite compreenderem que é possível que aquilo que há de melhor para se fazer na vida pública é produzir algo que será apreciado ao longo de gerações e gerações no futuro, e apenas pela capacidade de prever o futuro mentalmente, sentir o prazer empático correspondente. O principal perigo da política é justamente a roupagem racional de “estar fazendo bem aos seus conterrâneos e futuros cidadãos”, vende-se o lobo na pele de cordeiro, pois evidente que uma pessoa não faz nenhuma diferença individual na política, entretanto os esforços de apenas um são muito mais prolíficos em outros campos da cultura.
Há pessoas que uma parte do tempo (mas não todo ele), por qualquer razão, apreciam imensamente a quantidade real de influência que provavelmente farão no mundo, pessoas por exemplo que se sentem melhor fazendo o bem a 3 chineses do que a 2 indianos, e melhor fazendo um pequeno bem a uma cidade de um milhão de habitantes do que resolvendo os problemas de uma única pessoa. A essas pessoas cabe o estudo dos melhores métodos de se promover o maior bem para o maior número de pessoas.
No passado esse modo de pensamento gerou o humanismo, o enaltecimento do homem enquanto homem, e a intenção de permitir-lhe exercer ao máximo potencial todas as suas faculdades. Com o progresso tecnológico surgiu entretanto uma divisão entre humanistas naturalistas, que cometem o tradicionalérrimo erro de assumir que o que é natural é bom (e consequentemente precisam definir o que é natural para separar o joio do trigo e passam o resto da vida separando o hipotético joio do hipotético trigo e percebendo como suas definições anteriores falharam), e os transhumanistas, que extendem seus princípios humanistas para uma promoção da vida humana em todos os âmbitos inclusive aqueles que dizem respeito a desafiar as tiranias da seleção natural e da hereditariedade. Esses acreditam que é tão bom treinar um grande pintor quanto é bom dar-lhe as tintas para que possa pintar. Os primeiros acham que treinar um pintor é bom, mas não se deve dar a ele pincel ou tintas. Não é exatamente assim, mas isso captura o espírito anti-tecnológico dos humanistas naturalistas.
A história humana é um sem fim de aprender a ordenar a natureza de acordo com nossos fins, e nisso só difere por exemplo da história paquiderme no que tange ao fato de que nossa ambidestria e capacidade linguística nos permitiram influir muito mais intensamente que sua nosodestria e capacidade chafarística.
O anarco tranhumanismo é assim sumarizado por seu criador Pablo Stafforini:

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